sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Fim

O fim. E daquilo, nada mais.
E o que antes foi, não mais o é.
Sem nunca deixar de ser.
Ser para sempre, nunca mais.

Tempo breve, tempo leve.
Interminavelmente curto,
Incansavelmente longo,
Instantâneo, estendido.

Chega odiado e se vai querido.
É evitado, acolhido.
É esperado, esquecido.
Desperta o riso nervoso.
Acorda o choro manhoso.
É implacável e teimoso.

Quando chega, imprevisível,
Te derruba, inesquecível.
Te faz esquecer do presente,
Te faz de si, dissidente.

Quando vem devagar, anunciado,
Te faz nostálgico, acabado.
Te mostra o futuro que nunca será,
Te mostra o passado que ninguém mais verá.

O fim é algo que assusta.
É o nada, que o cérebro degusta.
É o penhasco, onde o chão não mais existe.
É o tudo, onde o pé não mais assiste.

O fim é oposto ao começo,
Que no início foi seu berço.
É a renovação, inovação, a nova ação.
O fim é, para o futuro, um não.

Um não do antes, distante.
Um não assertivo, inquietante.
É o arquivamento numa estante.
É o museu do instante.

Mas se o chão só existe no passado,
Se o caminho desgasta o calçado,
E o que se foi não mais será alcançado,
Aceite o que lhe foi dado.

Pernas cansadas precisam descansar,
Se jogue no penhasco e aprenda a voar.
Voar até que sua cabeça não perceba mais dor,
Sem medo, sem frescura, sem torpor.

Encare o fim de cabeça erguida.
Comece outra fase na sua Vida.
Alguns fins, viveremos para ver,
outros nunca iremos ter.

Mas o fim é garantido, inevitável.
Então aproveite tudo, torne-o aceitável.
Se o fim é para onde caminhamos,
Andemos de olhos abertos, enquanto sonhamos.

Se o fim sempre existir, há de ter também um começo.
Um novo começo, um recomeço, comportado, travesso.
Acolha o fim não como o acabado, mas como o passado.
E se é passado, que seja vivido, caminhado, aproveitado.

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