quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pulso

Lugares públicos. Lugares privados.
Bibliotecas, parques, ruas e mercados.
Shoppings, clubes, restaurantes e bares lotados.
Todos vazios, diluídos em um mar de gente, saturado.

A sós, em casa, o vazio da existência se apresenta. Tormenta.
Ondas e mais ondas de pensamento jorram para todos os lados.
Mesmo sem saber "o que","como", ou "por que", temos a necessidade de ser.
E somos. Não há como fugir ou ignorar. Então em que iremos nos tornar?
Mesmo que não queiramos, somos obrigados a ser.
Então seremos, todos nós, de um jeito ou de outro.

Para ser, nos deparamos com o grande obstáculo de se conhecer.
Quem de fato é você?
Quem pensa por você?
O que é ser você?
O que é você?
O que, realmente, você faz por que quer fazê-lo?
Com que frequência você dá ouvidos á sua própria voz?
Como seus medos o impedem de ser quem você quer ser?

Assim, saímos de casa, buscando nos entender, nos encontrar num canto, em qualquer lugar.
Tarefa difícil essa, a de se encontrar. Que monstros irá libertar, criar?
No meio disso tudo, tentamos preencher um pouco do nosso tempo com o nada, além nós mesmos.
Mas, como pólos magnéticos nos repelimos. Mesmo estando onde estamos, não nos encontramos.

Desesperados e a esmo, acabamos nos apoiando em qualquer coisa aparentemente segura.
Temendo a hora em que, novamente teremos de nos olhar, nos procurar, arriscar.
Por enquanto, somos apenas uma enorme massa, entre a vida e a morte.
Sensíveis e carentes de uma troca, constante, do que nós é ausente.

Vivemos a Vida passando por pessoas. Às vezes as mesmas pessoas.
Com as mesmas angústias, alegrias, alergias, sinergias.
Ou então tão diferentes, com outras histórias, outras cicatrizes, outras memórias.
E ao passá-las, não trocamos um olhar, uma palavra, um sorriso sequer.
Estranha essa evolução. Essa sociedade "cooperativa".
Onde não há interação, emoção, paixão ou iniciativa.

Uma sociedade onde são os malucos e os megalomaníacos mal intencionados,
que "cuidam" dos loucos, controlam os outros e mandam nos tolos, roucos.
Sociedade essa, onde carência, é tratada com antidepressivos.
Onde os remédios são a solução, a melhor opção, nossos melhores amigos.

Sinto que o Ser Humano, aos poucos, se esfria. Se desvia de si mesmo.
O Calor Humano, que conforta e esquenta, se extingue, gradualmente, de forma lenta.
Cada vez mais, nos tornamos mais indivíduos e menos humanos.
Nos Individualizamos, frios, indiferentes, distantes, carentes, "incontentes", incoerentes.

Sonho com o dia em que o Sol ou outra energia seja a a famigerada gota d'água.
Quando despertaremos para retomar nosso agora, nossa essência. Controlar nossa história.
Nesse dia, seremos seres pulsantes de novo, sincrônicos, sinfônicos, cheios de Vida e harmonia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário