terça-feira, 26 de novembro de 2019

O Que Não Deve Ser Nomeado

Elevadores, vidros de carros, janelas de trem, vitrines de lojas.
Espelhos expostos.
Refletir sem pensar, mostrar o não olhar.
O que se vê não se enxerga.
O que se vê se registra,
Mas não se reconhece.

Meus olhos não mais buscam meu reflexo,
Para evitar o desconforto de não se identificarem com o que se vê.
Pois o que se vê não é o que é, não é o que sou.
Não sou quem sou.
E saber o que represento, me envergonha.

Em cada olhar não cruzado, cada olhar desviado,
Se escancara a verdade incontestável.
Sou o que sou, mas não quem represento,
Ao menos ao primeiro olhar.
Esse é meu lamento.

Tantos erros, tanta história.
Tanta repetição, tanta memória.
E Vida que segue.
E erro que se negue.
Pois se não sei, não me persegue.
Mas eu sei.

O bem e o mal.
Tudo se confunde.
Linhas estreitas, linhas tortas, linhas mortas.
Sem limites.
Tudo que se afunde.
E não quero saber.
Pois ignorante, sigo feliz.

Feliz?
Talvez menos triste.
Menos miserável.
Mas feliz?
Feliz para fora.
O contrário de "in" feliz.
Hahaha.

Rio.
Rios de lágrimas.
Banhos em águas pesadas.
E nunca estou limpo.
E nunca estarei.
Pois sou quem sou,
Mas também sou quem represento.

Águas carregadas.
Cheio de Mim, cheias de tudo.
E sigo criado e mudo.
Acessório.
Ferramenta.
Móvel.
Criado.
Mudo.
Imóvel.

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