terça-feira, 29 de julho de 2014

E Assim Se Fez a Eternidade

De algum lugar qualquer, ou de lugar nenhum, retorno,
Na esperança de algo encontrar. Sóbrio, ébrio, sorrindo sério.
Mas nada vejo, nada encontro, e me lembro de quem estou no momento.
Sentindo todos meus pensamentos, vivo todo instante, a cada momento atento.

Mas não há nada no que se reparar, não há mais nada o que esperar.
Atento ou não, o que passou ficou, e não irá voltar.
Então me sento, no vazio do momento, e me ponho a pensar,
Que foi o pensamento que me trouxe sofrimento, e que me faz agora chorar.

A mais amarga lembrança, a mais cara lambança.
Desacostumado e carente de atenção, cego e embriagado pela emoção,
Não soube agir diante da situação, um amor completo em minha mão.
E assim, como Terezinha, assustado disse não.

Um não incerto, um não decisivo, definitivo, indeciso.
Mas um não. Um não categórico. Desencontrado e seguro.
Um não, apressado, repentino, assustado, desacreditado.
Um não simplesmente covarde e imaturo.

Como posso então, voltar, se no agora não irei te encontrar?
Isso me faz questionar em que mundo me encontro, a vagar.
Voltar e lembrar de ti, no presente de um tempo passado.
Seguir e esquecer de ti, no futuro de um presente amargurado.

Pensar em não mais te tocar, faz meu coração sangrar.
Pensar em não mais te ver, faz meu espírito ceder.
Pensar em você feliz longe de mim, me deixa à deriva em um mar sem fim.
Mas me conforta saber que, onde estiver, está feliz, já se curou de sua cicatriz.

E  preso no agora, me assombram as lembranças de outrora.
Acorrentado ao passado e amarrado ao presente, o futuro é incerto, nublado, incoerente.
Existe, então, para mim um futuro ao qual esperar? Existirá Vida após a Vida?
Viajo então no presente, para tempos não tão recentes, tornando-me do tempo ausente.

E por vezes teimo nesse vazio me perder, me afogar nas lágrimas que tornam a verter.
Ilumino seu retrato em minha mente e olho seu sorriso, para sempre ausente,
Para me lembrar de te esquecer. Deixar passar o que não mais é Viver.
Aplacar essa dor insensível, insaciável, eterna, invisível.

E assim, comigo, concordo com meu eu dissidente,
Que da discórdia é rei, que chora de mim e ri consciente.
Que discorda de mim, discorda de ti e discorda de si.

Erros e mais erros, retornam para coletar seus dividendos.
E cada vez mais endividado, me faltam recursos para investir.
Me faltam conceitos a refletir. Me faltam esperanças de progredir.
E a Vida é isso, altos, baixos, conquistas e perdas inesquecíveis.

E assim se fez a eternidade.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Retrato

E de algum lugar, lugar nenhum, retorno para casa contente.
Sóbrio, ébrio, rio-me sério, esperando encontrar algo diferente.
Mas chego e nada além da consciência de quem estou no momento.
Sentindo todo pensamento, vivo todo instante à cada momento atento.

E assim, preso no agora, me assombram lembranças de outrora.
Voltar para não te encontrar põe minha mente a vagar.
Viajo então no presente, para tempos não tão recentes.
Assim me pego nesse tempo latente, ausente.

E para nesse vazio não mais me perder,
Mantenho seu retrato pendurado em minha mente,
Para me lembrar de te esquecer, te libertar de mim.

Não mais choro, nem me desespero por tua ausência.
Não me pesam mais meus erros, por mais inocentes ou indecentes.
Nem me enchem de orgulho meus acertos, não mais presentes.

Me resta a felicidade de ter tido em ti algo, que não procurava,
E assim, por consequência, esse algo não achava.
Me restam agora os sorrisos de tudo que foi bom,
E a leve tristeza do que poderia ter sido e não foi.

Mas carrego em mim a certeza de ter vivido,
De verdade, uma Vida a mim desconhecida.
E, mesmo que breve, muito querida.