quarta-feira, 2 de julho de 2014

Retrato

E de algum lugar, lugar nenhum, retorno para casa contente.
Sóbrio, ébrio, rio-me sério, esperando encontrar algo diferente.
Mas chego e nada além da consciência de quem estou no momento.
Sentindo todo pensamento, vivo todo instante à cada momento atento.

E assim, preso no agora, me assombram lembranças de outrora.
Voltar para não te encontrar põe minha mente a vagar.
Viajo então no presente, para tempos não tão recentes.
Assim me pego nesse tempo latente, ausente.

E para nesse vazio não mais me perder,
Mantenho seu retrato pendurado em minha mente,
Para me lembrar de te esquecer, te libertar de mim.

Não mais choro, nem me desespero por tua ausência.
Não me pesam mais meus erros, por mais inocentes ou indecentes.
Nem me enchem de orgulho meus acertos, não mais presentes.

Me resta a felicidade de ter tido em ti algo, que não procurava,
E assim, por consequência, esse algo não achava.
Me restam agora os sorrisos de tudo que foi bom,
E a leve tristeza do que poderia ter sido e não foi.

Mas carrego em mim a certeza de ter vivido,
De verdade, uma Vida a mim desconhecida.
E, mesmo que breve, muito querida.

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