quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A comédia de hoje em dia

Vou compartilhar porque merece. Esse tipo de discussão é extremamente importante na sociedade atual. Concordo com várias coisas que ambos os pontos dizem. Mas acho que o humor serve para expor o ridículo da sociedade.

Somos todos preconceit
uosos e hipócritas. Todos temos medo do que é diferente e por isso rimos, excluímos ou agredimos o que é diferente. Acho muito importantte o papel dos comediantes de amenizar um pouco essas relações (salve raras exceções que extrapolam os limites). 

Mas o que eu acredito é que no fundo, ninguém percebe o quão ridículo e mesquinho é o ser humano. O quão egocêntrico é cada indivíduo humano. Passamos grande parte de nossas vidas com medo de não sermos aceitos pelo que somos, e criamos máscaras e personalidades que não condizem com quem realmente somos ou queremos ser.

Quando jogam isso na nossa cara, e percebemos por 50 minutos (que é em média o tempo de um stand-up), o quão estúpidos somos, ficamos ofendidos.

Uma vez li em algum lugar, não sei aonde, algo mais ou menos assim: "Eu rio do mestre que não sabe rir de si mesmo.". E concordo plenamente. Precisamos aprender a levar a vida de forma mais leve, aprender a receber críticas e lidar com elas, crescer com elas. Na minha opinião, o politicamente correto só reforça o preconceito, o racismo e a diferença entre as pessoas na sociedade.

Somos todos igualmente patéticos, ridículos, loucos. E tudo bem. O mundo não vai acabar por causa disso. Sou adepto do humor irrestrito, faço piada em qualquer hora que me venha à cabeça, sobre qualquer coisa, seja uma situação ridícula própria, de um negro, de um aleijado, de um gay, de um português....não importa. O ser humano sempre vai ter diferenças, e enquanto não soubermos lidar com elas de maneira normal (e fingir que não se importa, comprimentar por obrigação, agir de forma educadamente política não vão resolver) sempre teremos esses problemas.

Muitas vezes, o humor toma como alvo coisas que o autor respeita demais, mas que consegue achar algo que seja engraçado, contraditório, enfim, utilizável. Estamos longe de chegar a um consenso, mas achei super bacana esse documentário pois é através da discussão e do diálogo que nossa sociedade como um todo vai mudar e evoluir.

O foda, são as pessoas que, por exemplo, falam que é sacanagem fazer piada de pobre, mas mal sabem o que é ser pobre, o que é viver com as condições abaixo do mínimo. Mas como eu já disse, o ser humano é hipócrita e maniqueísta, gosta de tomar partido sem conhecimento dos fatos e tenta sempre escolher o lado bonzinho da história, ou o menos pior.....

Eu poderia escrever muito mais, mas duvido que muita gente chegue até aqui, então vou ficar por aqui, essas conversas, como quaisquer outras, são mais enriquecedoras quando feitas ao vivo, com pessoas, olho no olho, sem a intermediação de máquinas....enfim, assistam o documentário, vale muito a pena.



Cicatrizes

Visíveis ou invisíveis, são nossas as cicatrizes.
As que se vê e não são lembradas, nos marcam por pouco tempo, pelo resto de nossas vidas.
É uma cabeçada na privada, um mortal errado na piscina, uma joelhada no hidrante.
As que não ferem o corpo, não marcam nossa carne, mas nos moldam a mente. 
É o melhor sorvete do mundo que vai ao chão num calor de 32oC, é o primeiro beijo roubado, a primeira frustração.

Cicatrizes são bem mais do que marcas na pele, mais do que marcas na psique.
Eternizam momentos, mesmo os mais indesejados, e marcam a intensidade com a qual levamos nossas vidas.
Cicatrizes são as provas de uma Vida levada sem receios dos erros que certamente cometeremos,
são a prova da coragem de se ultrapassar os próprios limites, sejam eles físicos ou emocionais.
São a prova de uma Vida, se não bem vivida, pelo menos vivida.

E é isso que importa, não? Viver a Vida?
Afinal, não somos “como os gatos”, então, Carpe Diem o máximo que der, certo?
Viver não é ser feliz e sorrir o tempo todo, é chorar por ver sangue escorrer do joelho, mas ser confortado.
É rir quando isso acontece com seu amigo, quando o acidente não é grave, claro.
Mas é chorar por alguém que partiu dessa pra melhor ou dessa pra outra diferente, e ser feliz por quem não sofre mais.

Viver é tentar conversar com alguém, ouvir um não e lidar com isso.
É tentar conversar com alguém, ouvir um sim e lidar com isso.
É chorar pelo que poderia ter sido mas não foi, é sorrir pelo que poderia ter sido e não foi.
Viver é apreciar a sorte de se ter nascido e poder amar, poder chorar, poder sentir, poder lembrar.
Uma Vida sem cicatriz, para mim, é uma Vida infeliz. Sem riscos, só receios. Sem liberdade, só anseios.

Cicatrizes nos deixam mais fortes para o que está por vir, pois nos lembram de nossos triunfos e fracassos.
Nos lembram como a coragem vale mais do que a covardia, que o medo da decepção.
Que viver é se expor e saber se defender das críticas ou aceitá-las, é saber ouvir um elogio.
Mas também é saber ser crítico, de si e dos outros, saber criticar e saber elogiar.
Cicatrizes nos lembram que viver é melhor do que se esconder.

Cicatrizes são machucados já curados, passados, e que nos tornaram a pessoa que somos hoje.
E por isso devem ser celebradas, com festas animadas, pois o que um dia já foi ruim, passou e não voltou.
Devem ser exaltadas pois simbolizam coisas boas, que retornam a nós quando precisamos de um sorriso solitário.
Cicatrizes já foram, algumas até somem. Mas não apagam seu significado, seu valor, sua lição.
Eis então uma ode às cicatrizes, que, visíveis ou invisíveis, são nossas, as cicatrizes.