quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Aos Pedaços

Pedaços, pedaços para todos os lados.
Ninguém está inteiro, todos despedaçados.
Muitos perdidos, poucos achados.
Relegados, esquecidos, ignorados.

Pedaços de mim, se unem a pedaços de ti.
Harmonia ou caos, um dos dois há de surgir.
Ying e Yang, equilibram o que há de vir.
O jeito é aceitar, relaxar, deixar fluir.

Pedaços remendados, costurados, assimilados
Nos unem diante da natureza. Fatos ignorados.
Incompletos, buscam uma resposta pro futuro, presos à seus passados.
Quando percebem, estão enrolados, até o pescoço atolados.

E o tempo passa, sem perdoar nem poupar ninguém.
O tempo vê o patrimônio e a cor da pele, com completo desdém.
Não importa se cheira bem, mal, se tem ou não tem.
Assim, nos despedaçamos, nos lançamos à procura de um alguém.

Alguém que complete os pedaços que ainda restam.
Alguém a quem os pedaços se manifestam.
Cedem à ligação, intensa, rara, quando se conectam.
Conexão boa, indescritível, que cega e congela, impassível.
Quando, o que importa é a conexão em si, inconfundível.
Assustadora, acalentadora, frágil, perecível.

Mundo mundo, vasto mundo.

Mundo mundo, vasto mundo.
Tão vasto e pouco profundo.
Somos o que aparentamos, ignorantes a fundo.
Mundo raso, superficial, estúpido, rotundo.

Voltas e mais voltas, em torno de si.
Nem lhe ocorre que há de haver mais por ali.
Uma volta, outra volta, volta e meia, me perdi.
O ciclo começa e termina, idêntico.
E, tarde demais, nem percebi.

Mundo separado, particionado, planejado, calculado.
Segregado, estagnado, mal intencionado, errado.
Nos dividimos pela origem, pela pele, pelo estereotipado.
Até quando cederemos ao ponto marcado, à coleira do mercado?

Somos todos animais. "Racionais", mas mesmo assim animais.
Somos diferentes, e ainda assim somos iguais.
Seríamos, se a oportunidade fosse apresentada.
Oportunidade que, aos poucos, é mais contestada.
Contestada, por não existir, por ser uma mera fachada.
Assim dissecamos uns aos outros no gume de uma espada.

Dissecamos, avaliamos, julgamos e ignoramos.
Se algo é diferente, não vale a pena levar pra frente.
Por que é difícil sair da zona de conforto e da segurança inerente?
Seria mais fácil se nos acolhêssemos a todos como seres mundanos.

Quem sabe quando soubermos nos comunicar, a insegurança há de cessar.
Quem sabe quando soubermos nos conectar, a paz há de reinar.
Quem sabe quando soubermos compartilhar, a Vida há de melhorar.
Quem sabe, isso tudo aconteça, se pararmos de, simplesmente comprar, julgar e brigar.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sentimentos de um Idiota em uma Vida sem Sentido

Solto, largado, disponível, estagnado.
Atarefado até o pescoço, sigo atolando a cabeça.
Esforço físico, mas mais psicológico, para que esta se esqueça.
Esqueça deste eu, petrificado, fixo, errante,  parado.

Diante de tantas redes sem sinal.
Sigo tentando me conectar, simplificar, me ligar.
Sucesso não há. Não agora, que não sei mudar.
Mudar meu jeito, de estragar tudo no final.

Circuitos organizados. Pareço imutável, pré programado.
Pensar, sem sentir, me condena e me mantém confinado.
Sempre que tento, o que quer que seja, me afundo até a cabeça.
Mas independente da escolha, o final não permite que eu me esqueça.
Atolado em um mar de pensamentos, sentimentos e necessidades.
Pensando demais, não sinto, e escolho, reduzo as possibilidades.

Nesse jogo, sempre perco, não importa como começou.
E o rumo inevitável segue.  E quando vejo já se acabou.
Mas eu tento. E nem trapaceando ganho. Na cara dura me saboto.
Conscientemente ou não, não importa, uma vez mais capoto.

Assim fico eu aqui a sonhar, com o dia em que algo mudará para mim.
Mudará para o que quero, para aquilo em que sei que sou bom.
Mas me fecho e me resguardo, canto, sem fazer nenhum som.
Quase imperceptível, procuro a esmo um simples sim.

Pelo caminho sinto que deixo algo de mim, perco meus pedaços.
Cada vez menos de mim é compartilhado, me protejo em meus embaraços.
Mas estes, diferente de João e Maria, não me guiam de volta para o início.
São dados, perdidos, não recuperados. Consumidos pelo processo e pelo vício.

Diante de minha confusão e inconstância, é difícil ver um final feliz.
Triste, cabisbaixo, me abandono enfim, pendurado por um triz.
Não penso muito no futuro, mas o presente se apresenta frio todas as noites.
Pernoito e me sufoco. Torturo minha pele, como sal jogado em feridas de açoites.
De dia, o sol esquenta. Mas, desperto, meu coração febril me maltrata.
Um vazio me suga. E por noites sem fim, minha mente, em insônia, me mata.

Coração lento. Coração acelerado. Mantendo meu corpo consciente.
Mente rápida, mente minuciosa, me afasta da saudosa felicidade.
Mente e coração unidos, demonstram uma grande capacidade.
De me induzir a decidir errado e tornar este vazio sempre presente.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Soldados

Máquinas de guerra.
Máquinas sem terra.
Máquinas contra máquinas.
Máquinas contra nós.
Máquinas usadas.
Usadas contra vós.
Vós e eles.
Menos em nós e mais neles.

Soldados, usados, calados.
Calados por uns poucos.
Usados, como cães loucos.
Soldados, que bradem roucos.
Eles contra nós?
Mas nós somos voz.
E vós também são eles...

Então, somos nós contra nós mesmos.
Vós contra vós mesmos.
Eles contra eles mesmos.
Cansados, contrariados, ordenados.
Cansados por não saberem por que lutam.
Contrariados por lutarem contra si mesmos.
Ordenados por interesses conglomerados.

Mas sempre há o justificado.
Psicopata profissionalizado.
Mata, tortura, abusa.
Tudo autorizado.
Louco por poder.
Poder de poder bater.
Bater sem o por que responder.

Mas até quando?
Quantos mais de nós, de vós e deles terão de sofrer?
Sofrer por sofrer.
Sofrer para viver.
Viver para morrer.
Morrer sem merecer.
Sem nem merecer viver...