segunda-feira, 3 de junho de 2013

A uma flor

Uma flor, nada mais do que uma flor. Não é a única bonita, nem a única cheirosa. Mas é a mais linda, e seu cheiro me eleva às nuvens.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Por aí, nesse mundo gigante, onde muitas milhares de outras flores, com cores diferentes, cheiros diferentes colorem e perfumam o mundo. E ainda assim é uma flor única, individual, sem igual.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Que aparece para quem souber olhar, que exala seu perfume à quem souber cheirar. Muitos a notam, outros não a concebem, mas ela está lá.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Nem melhor e nem pior que outras flores. Apenas uma flor.
Aquela flor e nenhuma outra. Me inebria, me faz entrar em um torpor, suar frio, me expor.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Mas não qualquer flor. É aquela flor, que mesmo sendo apenas uma dentre outras, me cega diante de lírios, me gripa perto das damas da noite, me transporta a campos de delírios.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Minha saída deste torpor, dessa inércia, desse mundo se amor. Talvez não a única, mas que me remove a túnica do marasmo, da dúvida, do medo e do pensamento em segredo.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Como posso assim me expor por causa de uma flor? Me expor? Expor a flor? Flor....uma flor....uma única flor...
Uma flor, e nada além de uma flor. Mas é desta flor, não daquela flor, não daquele jardim de flores. Quero a minha flor, que, colocada gentilmente no vaso de minha cabeceira me acorda de bobeira, me sorri um bom dia. E o dia é bom.
Uma flor e nada mais do que uma flor, é o que quero, o que preciso, o que anseio.
Me tomou de surpresa, roubou lugar na minha cabeceira, e não sai de nenhuma maneira.
Minha flor, nada mais que minha flor, que longe da minha cabeceira, me deixa perdido, sem eira nem beira, de segunda à sexta-feira, enquanto no fim de semana, só me faz pensar besteira.
Uma flor, minha flor, nada mais do que ela, que dentre todas as outras possibilidades, é a que vejo bela, preciosa, singela, cheirosa...minha mazela.
Uma flor, nada mais do que uma flor, para me fazer feliz como nunca previ, como nunca senti, de onde sempre fugi pois nunca entendi. Mas não agora, enfrentaria até uma derrota sem glória, para novamente encontrá-la na minha cabeça e tê-la mais uma vez na minha cabeceira, garantindo a mim que tudo sempre dá certo no fim.Mas não mais.
Uma flor, nada mais do que uma flor. Não é a única bonita, nem a única cheirosa. Mas é tudo que preciso, tudo que visualizo, seja onde for. Sua memória me causa insônia, me relembra nossa história. É minha luz, me ilumina no escuro, com ela até existe futuro.
Uma flor, nada mais do que uma flor, pela qual escalo montanhas, protagonizo façanhas, viro a Terra do avesso, só para ter, uma vez mais seu apreço, seu abraço, um recomeço.
Uma flor, uma única flor, que deveria ser minha, não por direito, pois a mim ela não pertence. Mas por respeito que temos ás nossas vertentes, que se conectam de um jeito único, lúdico, porém real.....especial.....
Minha flor, uma flor, é o que preciso para completar o meu amor pela humanidade. Para pregar a humildade, matar a minha saudade, que me mina a vontade de ser, sem ser de verdade, e me afasta de minha flor, que aos poucos vira uma cicatriz, que só me traz a dor da incerteza, da falta de beleza, do meu mundo sem minha flor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário