sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Pedra

Olhar mudo, estático, inconsolado e perdido. Ela, tagarela, com movimentos graciosos, segura, contente e singela. Sonhos, anseios e saudade de um futuro inexistente, ardente, inconveniente. Sua doce voz inebria o ambiente, é a sereia deitada na pedra adjacente. Sempre na mesma pedra. Ora banhada pelo Sol, ora banhada pelo mar. Algum fator externo a motiva, e em mim ele nunca se deita. nunca canta. Simples fato, tormento ingrato. Musgos e moluscos me cobrem, me revoltam. Nada faço. Que hei de fazer? Sou uma pedra, não posso me mexer. Parada, isolada, cercada por outras como, eu imagino se é esse meu apogeu. Caranguejos e baratas do mar a me escalar. Pronto, mal chegou do bar e lá vem o mar, de ressaca, a me maltratar. Tristeza, raiva e frustração. Nenhum sentimento alivia minha aflição. O tempo vai e vem, me tratando como um nada, um ninguém. Tudo passa, tudo muda, exceto eu, em meu apogeu. Sob o prisma errado enxergo a Vida chateado. Tudo muda, tudo passa e continuo aqui. Nada pode me destruir! A sereia, ainda a ouço, ainda admiro sua beleza! Antes lá do que aqui, onde o nada me confere certa leveza! Musgos, moluscos, caranguejos e baratas do mar! Me enfeitam e me massageiam à luz do Sol a me esquentar, enquanto vez ou outra vem o mar me refrescar! Vida boa a minha Vida, entre minhas iguais, nunca só, ótima companhia! Vivo em meio à natureza! Faço parte da natureza! Eu sou a Natureza! Sou a mais pura beleza! Da Vida não mais vou reclamar, olhando em volta, só sinto a felicidade a me dominar!

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