quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Estrela Apagada


Em noites claras como a de hoje, olho para o céu e vejo as estrelas a brilhar. Quando a sorte me ilumina, a lua me acompanha, e muitas vezes me prende o olhar. 
Mas o que mais se vê é um mar de estrelas espalhadas por todos os lados, até onde os olhos alcançam, quase indistintas, infinitas.
E onde nossos olhos falham, nos resta a certeza de que lá existem ainda mais estrelas. Algumas maiores do que outras, mas todas lá, a brilhar enquanto puderem, enquanto conseguirem sustentar sua beleza para que possamos apreciá-las em nossos piores e melhores momentos.
O brilho, em geral hipnotiza, chegando por vezes a incomodar os olhos. Exceto o de uma. Uma pequena estrela. Ofuscada. Quase apagada. Que se esforça para brilhar como as outras. Afinal, ela é uma estrela e o que as estrelas fazem é brilhar. De que serve uma estrela sem brilho, uma estrela fosca, fraca, apagada?
Ao redor, tudo o que ela enxerga são as outras estrelas, vistosas, garbosas, alheias à luta da pequena estrela, indiferentes ao seu esforço para se encaixar em um contexto em que o céu é brilhante, lindo, único.
Porém o esforço é muito grande e, dia após dia, as forças da estrela se esvaem aos poucos, tornando cada vez mais difícil manter um brilho que faria com que o menor dos vaga-lumes parece o sol. Mas ela não se entrega, afinal o que seria do céu sem as estrelas? O que seria das pessoas sem o céu? O que seria das estrelas sem as pessoas?
Cada vez mais cansada e esgotada, continua empregando todas as suas energias para manter um brilho cada vez menos perceptível, quase espectral. Uma estrela fantasma, que jaz no vácuo, iluminada pelas outras estrelas, que não mais a vem.
Ela poderia pedir ajuda às outras estrelas. Mas o que haveria para se fazer? A pequena estrela não mais produz energia. E assim o processo segue, dia após dia, mais exausta, menos disposta, menos exposta. Até que um dia, seu brilho final e derradeiro se esvai num misto de alívio e pesar, pois mais uma estrela se vai e deixa de ser. Deixa de ser uma estrela.
E o céu? Bem, este continua alheio à pequena estrela que não mais existe, que não mais persiste, que não mais assiste ao lindo céu, cheio de outras estrelas, que brilham para nós e que, junto com a lua continuam a nos maravilhar, garantindo que as estrelas apagadas não sejam lembradas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário