quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sanhaço Azul

No meu jardim vive um sanhaço azul. De longe ouço-o cantar alegre. Porém, ao me aproximar, o sanhaço emudece interrompendo uma linda melodia. Oh sanhaço, por que não cantas para mim? Por acaso tens medo que eu tente aprisioná-lo em uma gaiola de madeira? Digo que não lhe desejo engaiolado e infeliz. Desejo apenas a felicidade que teu canto me traz, mesmo em um dia ruim. De nada valhe uma gaiola, pois nela não mais serás o sanhaço azul de meu jardim. Ainda assim, tentas em vão esconder-se dentre as folhas das copas. Mas posso ver-te e admirar-te a beleza. Apenas não ouço tua melodia, que me faz leve a cabeça. Vez ou outra me enganas, entoando assovios desconexos. E em vão, espero-te cantar. Tento lhe dizer que não lhe quero mal. Nada parece surtir efeito. Por vezes, embriagado pela própria alegria, ensaias uma curta melodia. Mas logo lembras de minha presença e cala-te novamente. Até em meus sonhos recusa-se a cantar para mim. Distante e tão perto. Desperto e tão longe. Já não sei o que fazer para lhe ver cantar. Se ao menos eu pudesse assoviar como ti, talvez conseguisse convencê-lo a cantar para mim. Quem sabe se algum dia eu aprendo a assoviar e talvez cantemos juntos, alegrando assim nosso belo jardim.

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