O dito não dito.
E o que não foi falado, não foi entendido.
Ficou em aberto. Nunca esquecido.
Se quando falamos já não nos entendemos,
aquilo que não dissemos viraram venenos.
E o que não foi dito alimenta a imaginação.
Incita a criatividade.
E a realidade se torna a possibilidade da ilusão.
Mas o veneno é ácido. Corrói a realidade, destrói a possibilidade, endeusa a ilusão.
Pense no que dizer e diga o que pensar.
Nossas palavras mal nos traduzem, que dirá nosso silêncio.
A imaginação, infinita de tão extensa, se deleita no silêncio.
Silêncio.
Nos instiga a errar, nos deixa a ver o mar, viajando no mesmo lugar.
Silêncio.
E a tensão aumenta, sufoca, atormenta.
E o não pronunciado se ausenta, pois nunca esteve, e se isenta, pois então não deve.
E como um bicho selvagem bem alimentado, cresce.
E reaparece.
Como pode algo inexistente causar tanto estrago?
Inexistência estragada, expirada, adulterada, engolida.
E faz mal. Revira o estômago. Invalida.
E o dito. Ah o dito!
O dito liberta, desperta, acerta!
O dito não erra.
Ou erra também.
Mas não se esconde de ninguém.
O dito, esse sim, é meu favorito.
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