Carrego uma ferida em meu peito,
Que de doer e sangrar me deixou caduco.
Machucado que não sara de nenhum jeito,
Quando a casca forma, a arranco, a cutuco.
Uma ferida tão recente, dolorosa e latente.
Que me marca e me queima.
Que em meu coração reina.
Um vazio profundo e inesperado,
Um anseio desesperado, nunca imaginado.
Um sentimento incômodo, sem premissa.
Uma razão irracional, pensamento, ideia fixa
Um futuro impossível e inexistente.
Em cada dimensão ele está ausente.
Um buraco negro, enorme e denso.
Que me consome se sinto ou se penso.
Que posso eu senão me conformar?
Como não me deixar levar?
Com a cabeça na superfície, tento em vão respirar.
Afogado em meus devaneios, me pesa o mundo inteiro.
A mente travada, o tudo, o nada, não consigo voltar.
E tudo se confunde, o passado imaginado e o verdadeiro.
Afogado em fantasias reais, realidades ideais, me paraliso por inteiro.
Sempre em frente, é o único jeito.
A direção muda, mas nunca o sujeito.
Na incerteza da Vida, só me resta tentar.
Sem mais desculpas, sem mais pesar.
Para o alto e avante.
Sem memórias de elefante.
Pois o que valeu, agora faz parte de mim.
Não preciso lembrar do que me fez assim.
Guardar o que gostou, podar o que sobrou.
E ai de mim, se não gostar do que agora sou.
Pois se não gosto, preciso me reinventar.
Deixar o que não me gosto, parar para respirar.
E dia a dia, a paz há de retornar,
E dentro de mim, a felicidade tornarei a encontrar.
Assim, deixarei de pedir ao universo, deixarei de esperar.
E assim tornarei a sorrir alegre e, triste, tornarei a chorar.
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