Tudo vai bem,
na mesa o que se nota é a alegria da pura descontração.
Uma porção de
risadas aqui, uma travessa de piadas de mal gosto ali. Tudo vai bem.
O mundo, por um momento parece perfeito, resumido à mesa onde, de vez em quando, um ser abençoado aparece trazendo mais uma garrafa de risos ou algumas doses de
gargalhadas. Tudo vai bem.
De repente, o
mundo se torna um pouco maior.
Um olhar cruzado.
De repente as risadas soam forçadas, as risos se tornam apenas risos. A atenção já não mais se concentra no futebol, que rola solto na mesa, mas sim naqueles olhos, que agora olham para outra direção qualquer.
Um olhar cruzado.
De repente as risadas soam forçadas, as risos se tornam apenas risos. A atenção já não mais se concentra no futebol, que rola solto na mesa, mas sim naqueles olhos, que agora olham para outra direção qualquer.
Introspectivo,
sorridente, perturbado.
O copo vai aos lábios mais uma vez, servindo alegria e conforto, e logo tudo vai bem. Aqueles olhos não mais sombreiam a mente. Tudo está perfeito de novo.
O copo vai aos lábios mais uma vez, servindo alegria e conforto, e logo tudo vai bem. Aqueles olhos não mais sombreiam a mente. Tudo está perfeito de novo.
Até que os olhares se encontram mais uma vez. E mais uma vez
o mundo desaba, tudo se torna nada e nada vai bem.
Será
coincidência? Será que se engana, se pune por beber do Universo?
Anseios e
inseguranças agora poluem a mente, já afetada pela existência. Revolta. Essa
sociedade machista...Por que o homem que deve tomar ação? Homem ou homem? A
existência, o ser, o estar, quase o derrubam de sua cadeira. O que fazer agora?
Melhor não
fazer nada, melhor fingir que não aconteceu nada. Melhor nada, mas nada é
feito. O jeito é tentar esquecer que aconteceu, afinal, até esse ponto o que
realmente aconteceu? Nada.
A atenção volta
para a mesa, onde ele reina entre reis, acompanhado, absoluto, só. Onde ele não
se questiona, não se avalia, não se mede, não é melhor e nem pior
que fulano ou cicrano em sua zona de conforto, seguro, patético.
A ressaca moral,
a memória da derrota, da covardia, o destroem por dentro tanto quanto a cachaça
barata, que deixa resíduos que permanecerão em seu sistema por um bom tempo.
O que deu
errado dessa vez? Em outras ocasiões, a ponte foi erguida com tanta
facilidade...Por que agora então a dificuldade?
Consciente do
processo inteiro, a mente se entrega, exausta, à saída mais simples no momento,
uma porta que nunca está trancada, que mal fica fechada.
Ao atravessar o batente, acorda em sua mesa, onde tudo vai bem...
"♪♫ D tanto leva, flechada do seu olhar ♫"
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